quinta-feira, 31 de maio de 2012

Um tributo, nós, a legião.

Ontem eu vivi uma das experiências mais inusitadas da minha vida. Fui assistir o tributo a legião urbana, uma das melhores bandas brasileiras dos anos 80. Cresci ouvindo entre outras coisas, a legião urbana e embora não tenha ido a nenhum show deles, sempre nutri a "tietagem" chegando ao cúmulo de visitar a última residência de Renato Russo em Ipanema, zona sul do Rio de Janeiro, além de ter todos os discos, cd's e livros que falam sobre a banda e em especial, sobre Renato Russo. Quando ele morreu, deixou um hiato, não só em mim e nos seus fãs, mas na música brasileira.

Ouvir as músicas da legião urbana sempre me remeteram a um passado gostoso de lembrar, todo mundo tem um amigo que sabe tocar pais e filhos, todo mundo sabe pelo menos até a metade de faroeste caboclo e todo mundo uma vez na vida já ficou com olhos perdidos em algum lugar quando ouviu vento no litoral. Eu tenho legião urbana como parte componente da minha vida, trilha sonora de inúmeros momentos. Sempre lamentei não ter tido idade suficiente pra ir a algum show deles e sempre me imaginei lá, mesmo sem conseguir idealizar esse sonho.

E de repente eu estava lá no Espaço das Américas cantando Legião Urbana com mais um mar de braços e foi impossível conter as lágrimas e ninguém conseguiu se segurar quando Wagner Moura visivelmente emocionado cantou "tempo perdido" e ninguém se importou se ele desafinou porque ali naquele momento todos nós desafinamos. Voz embargada, olhos marejados, estávamos todos em outro tempo, um tempo em que Renato Russo estava no palco e nos encantava.

Naquele espaço todo mundo se sentiu um pouco dono da legião urbana e Wagner Moura representou a nós, os oito milhões de legionários. Fechei os olhos em algumas canções e deixei a música tomar conta de mim, embalada por milhares de vozes, eu não conseguia pensar em mais nada, era só aquele momento que nos importava.

Voltei aos anos de minha adolescência por duas horas, naquele lugar mágico eu renasci, revivi e meu coração - tão pobre e tão tosco - agora sabe os caminhos do mundo. O mundo, o tempo, a minha vida. Passado e presente unidos em duas horas. Lágrimas, felicidade, amor e dor. Um misto, o coquetel da noite, me embriaguei e sorri. - Então me abraça forte e diz mais uma vez que já estamos distantes de tudo e tempos nosso próprio tempo.

Não foi tempo perdido.

Esse tributo ficará gravado em mim para sempre e meu coração latejará de saudades enquanto houver amor.

Setlist:

- Tempo perdido
- Fábrica
- Daniel na cova dos leões
- Andrea Doria
- Quase sem querer
- Eu sei
- Quando o sol bater na janela do teu quarto
- A via láctea
- Esperando por mim
- Índios
- Monte Castelo
- O teatro dos vampiros ( com Marcelo Bonfá cantando)
- Geração coca cola
- Damaged goods
- Ainda é cedo
- Baader-Meinhof blues
- Sereníssima
- Se fiquei esperando o meu amor passar
- Há tempos
- 1965 (Duas tribos)
- Perfeição
- Teorema
-Antes das seis
- Giz
-Pais e filhos
- Será
- Faroeste caboclo


Um comentário:

Gustavo Knupp disse...

O show foi realmente maravilhoso, eu me emocionei bastante ontem e adorei ir a esse show com vc, ver seus olhos brilhantes, marejados.

Beijo